COLUNA DO PUDIM

Caros Blogueiros,

Feliz 2009 para todos. Nesta primeira coluna do ano quero comentar sobre a COPA SÃO PAULO DE JRS., que para muitos continua sendo a principal competição da categoria; mas o interessante é que todos os entusiastas deste torneio, com propósitos e objetivos diretos ou indiretos, sempre citam como grandes revelações deste campeonato os jogadores Falcão e Toninho Cerezo, parece uma ladainha, mas o curioso é que eles disputaram a Copa São Paulo em 1972. Não que a competição posteriormente não tenha revelado outros grandes valores para o nosso futebol, como por exemplo : Casagrande(Corinthians), Luiz Fabiano(Ponte Preta) entre outros. Mas há muito que esta competição não se presta a revelar talentos, pois na verdade podemos comparar atualmente este campeonato ao São Paulo Fashion Week, já que os jogadores são colocados em uma espécie de passarela ou vitrine, expostos como mercadoria, uma vez que grande parte dos elencos das 88 (oitenta e oito) equipes inscritas, são compostas na sua maioria ou totalidade por jogadores que "pertencem" a empresários.

Alguns clubes participantes deste torneio sequer possuem uma sede, são instituições registradas nas Federações de seus respectivos Estados, e que muito das vezes encontram-se inativas e afastadas das competições oficiais, mas que são reativadas pelos "Agentes FIFA" que por sua vez usam a camisa do Clube tão somente para apresentar seus atletas, montar DVD's com os melhores momentos e vendê-los, não só para o exterior, mas o que é pior, para grandes clubes do Futebol Brasileiro.

O prejuízo técnico desta manobra é que os empresários, preocupados apenas com a questão comercial, moldam a sua mercadoria de forma a atender uma necessidade instantânea do mercado, ou seja, em vez de cultivar a fruta e vendê-la para a fabricação de sucos naturais, eles preferem vender o suco em pó, mais rápido e pratico, porém de qualidade muito inferior.

Já o prejuízo financeiro arcado pelos grandes clubes acontece quando da contratação desta mercadoria de qualidade duvidosa das mãos dos empresários, senão vejamos, o ativo financeiro de um atleta é representado pelos direitos econômicos e não federativos. O problema é que o jogador de empresário já tem estes direitos atrelados ao Agente ou a um grupo de investidores. Neste caso, o atleta é incorporado pelo clube e se jogar mal, paciência, azar de quem contratou, se render e jogar bem, ele vai ser rapidamente promovido ao time de cima, jogar 6 (seis) meses e depois vai ser negociado para Europa, enchendo o bolso de quem detém os direitos daquilo que realmente tem valor e restando ao clube um pequeno percentual que lhe é oferecido quando da contratação, que geralmente gira em torno de 10 a 20 % da multa rescisória, o que muito das vezes não cobre sequer as despesas contraídas com a hospedagem do atleta.

Sendo assim, porque os grandes clubes não se preocupam em verdadeiramente formar os seus atletas? ou seja, o garoto pode vir de onde vier, pode até apesar da pouca idade já ter um empresário ou procurador, mas que por sua vez vai receber honorários ou comissões daquilo que couber ao atleta, enfim, a multa rescisória que mal e porcamente substitui o antigo "passe", tem que ser totalmente do clube, pois só assim, no caso de uma negociação, a instituição verá compensado o investimento feito, obtendo ainda um significante lucro na transação. Só que por preguiça e motivos escusos os dirigentes dos grandes clubes preferem abrir os portões para os jogadores trazidos pelos empresários.

Acho até que esta questão deveria ser alvo de investigação e sindicância interna dentro dos clubes, onde a grande pergunta há ser feita seria, por que contratar um jovem atleta de um empresário em vez de formá-lo aqui mesmo? será que um garoto prefere ir treinar no Deportivo Brasil, Lajedense, MSWK, KYZ ou coisa que o valha em detrimento a clubes como Atlético, Cruzeiro, Vasco, Flamengo, São Paulo, Corinthians e etc.? uma peneira democrática, profissional e consiente por partes dos grandes, certamente vai atrair o que existe de melhor do nosso futebol, enfim é só abrir as portas que a matéria prima vai se apresentar aos montes e todos puros, sem acordos e contratos previamente estabelecidos com agentes FiFA ou outros sangue-sugas.

Dito isto, devemos eleger como vilões este pessoal que trabalha nas categorias de base dos grandes e não me refiro aos trinadores e professores mas especificamente aos dirigentes, gerentes, cordenadores, enfim seja qual for a nomenclatura, o que interessa é que se com todas as condições favoráveis a disposição, eles não conseguem formar bons atletas, que sejam então demitidos ou banidos do futebol, abrindo espaço para quem tenha compromisso com a verdadeira evolução do esporte.